CARTA DA SERRA

Carta da Serra 

A quem corresponda, 

Nós, acadêmicos de gestão ambiental, gestores ambientais, professores, 
profissionais da área de gestão ambiental em geral, reunidos em São Francisco de Paula, 
entre os dias 30.11 e 02.12.12, durante o 1° Simpósio de Gestão Ambiental (1° SiGA), 
elaboramos o presente documento, visando estabelecer as bases para a fundação de uma 
associação gaúcha de gestores ambientais. 

Durante os dias do referido evento ficou clara a relevância das atividades 
profissionais do gestor ambiental, tecnólogo ou bacharel, nos quatro grandes eixos no qual 
se estruturou o SiGA, quais sejam: 1) Gestão pública do meio ambiente; 2) Gestão 
ambiental corporativa; 3) Gestão ambiental no terceiro setor; 4) Gestão sustentável da 
biodiversidade. 
A Gestão Ambiental, como profissão, depende da criação de cursos de nível 
superior (Tecnólogo ou Bacharel) nos quais a estrutura curricular e os conteúdos 
programáticos contemplem o amplo leque de possibilidades de inserção deste profissional. 
No contexto internacional, a Gestão Ambiental vem obtendo uma importância 
crescente, sendo que nos mais diversos setores produtivos da sociedade um sistema de 
gestão ambiental (SGA) tem se tornado fundamental, seja apenas para a auto-rotulagem de 
produtos, ou para a obtenção de certificações (ISO, EMAS, FSC, entre outros). Para a 
implantação e gerenciamento de um modelo de SGA, empresas públicas e privadas devem 
contar, sempre que possível, com o profissional Gestor Ambiental. 
No desenvolvimento de programas e projetos que busquem o Desenvolvimento 
Regional Sustentável, a participação do Gestor Ambiental também é fundamental, sem 
prejuízo à importância de outros profissionais. Nesse contexto de uma sociedade moderna, 
onde o paradigma da sustentabilidade vem avançando, o terceiro setor, com suas múltiplas 
abordagens visando a re-inserção do homem ao seu ambiente natural, desempenha um 
papel central. O Gestor Ambiental é elemento fundamental nestas organizações, podendo 
contribuir de maneira eficaz como elo de ligação em projetos necessariamente 
interdisciplinares. 
Com relação à Gestão Publica do Meio Ambiente, a falta de visão estratégica dos 
órgãos públicos, onde as decisões políticas se sobrepõem às necessidades reais da 
sociedade, é essencial que se busque e se pressione para a abertura de concursos públicos 
para Gestores Ambientais, os quais juntamente com os demais profissionais da área de 
meio ambiente deverão buscar a tomada de decisões de Estado, não de governos. 
Do ponto de vista das organizações privadas, o planejamento, a visão sistêmica, a 
busca incessante de alternativas (E.g.: SGA, re-uso, produção mais limpa, reciclagem de 
produtos) através da pesquisa aplicada, também precisa da contribuição do profissional 
Gestor Ambiental. O papel de mediador de conflitos, entre corporações e estado, por 
exemplo, também pode ser realizado por Gestores Ambientais atuando em empresas de 
consultoria. Da mesma forma, a Gestão Sustentável da Biodiversidade demanda um profissional 
com conhecimento interdisciplinar o qual deve ser buscado na formação dos novos gestores 
ambientais. 

Tendo em vista as demandas profissionais ambientais de uma sociedade em 
constante mutação, temos verificado, por um lado, a real utilidade de profissionais 
capacitados para agir dentro da gestão de recursos naturais e humanos, e por outro lado, a 
dificuldade dos conselhos profissionais em reconhecer e chancelar as atividades e 
atribuições do profissional de gestão ambiental. 

Isto tem levado a elaboração de editais públicos de concursos sem previsão de 
contratação de gestores ambientais; a dificuldades por parte dos profissionais autônomos 
para exercerem suas atividades com Anotação de Responsabilidade Técnica (ART); a 
ocupação de postos de trabalho em empresas, que seriam típicos de gestores ambientais, 
por outros profissionais de meio ambiente; à redução das possibilidades para o profissional 
de gestão ambiental no terceiro setor; dentre outras dificuldades. 

Cientes do compromisso ético e da responsabilidade frente à qual nos colocamos, 
assumimos o desafio, sobretudo entre nós mesmos, mas também perante a sociedade civil, 
de lutar pelo reconhecimento de fato e de direito da nossa profissão. 

Observamos que a fundação de uma entidade de classe regional para lutar pelos 
direitos dos profissionais da gestão ambiental é uma etapa fundamental e necessária. A 
partir desse dia e desse compromisso acreditamos estar avançado no sentido de fazer parte 
da solução e não do problema. 

E por estarmos de acordo assinaremos este documento e o tornaremos público. 

Atenciosamente